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GARANTINDO A ORDEM SONORA / GETÚLIO FERNANDES

Este elemento está por aí. Sua missão: garantir a lei e a ordem sonora das pessoas. Ele, às vezes, é tratado como um qualquer. Jogado no bolso da mochila, embolado e colocado no bolso da calça, assim vai vivendo o coitado.  

 

Cada um com seu cada qual, cores extraordinárias e diversas chamam a atenção de quem os compra. Mas ele é dinâmico. Basta uma conectada ali, uma apertada no celular aqui, outra ajeitada no volume e pronto, tá fino. Ele, muitas vezes, nos atrapalha quando o assunto é ouvir o outro. Quem nunca colocou volume do telefone ou do rádio bem alto e saiu por aí balançando a cabeça?

 

De repente você está no auge, no clímax da música e alguém chega e diz: ‘Fulano. Fulano. Ôoo, Fulano. Fu la nooooooo!!!’. Pronto. Lá se vai todo o tesão. A falta de um fone de ouvido nos incomoda em muitos aspectos. Quando o assunto é ouvir música dentro de um ônibus na volta para casa então, nem se fala! Com certeza é melhor do que ficar ouvindo a dona, na cadeira de trás, falando sobre sua consulta com o odontologista.

 

Em BH é fácil de encontrá-lo. Basta (você) pegar qualquer ônibus que te deixe perto uma banca ou próximo à praça da rodoviária, para que você possa caminhar até o shopping Oiapoque. No interior do shopping, você vai encontrar de várias formas e cores. Encontra até aqueles que tampam a orelha toda, sabe qual é?  Então… Pode chegar e perguntar para o vendedor quanto custa o fone, certamente, ele vai responder: “Tlinta Leal!”.

 

A idéia do fone é sensacional. Poder escutar aquela música favorita, quando bem entender, é uma chuva de alegria. Eu mesmo sou um comprador nato de fones de ouvido, mas tudo isso acontece pelo fato de não escolher um bom, sempre estraga. Acho que compro meus fones no local errado… Está aí algo que não pensei, enfim, vou pensar daqui pra frente.

 

Quando o assunto é saber qual é o melhor fone, sempre ficamos na dúvida. Uma curiosidade da minha parte é tentar compreender o porque de eu achar que o fone do colega é sempre melhor do que o meu. O dele é mais limpinho, bonito, viril, cheiroso, longo, dá a volta no pescoço e ainda atende uma chamada em um apertar de botão. Fones iguais a esse deveriam ser expulsos da face da terra. Sou a favor da padronização de fones. Saudade quando os fones eram duradouros e únicos. Todos pretos, cada lado com um fitinha colorida, uma azul e a outra laranja.

 

Aaaaah, esses fones… Eles me trazem a lembrança de ir com meu avô ao Mineirão e ele colocar o radinho FM no bolso e os fones nos ouvidos para escutar a partida que iniciaria às 16 horas. Eles eram encarregados de passar para o meu avô uma visão diferente e emocionante das partidas. Logo, quando vou ao estádio, levo comigo o meu velho e companheiro fone. Ligo na estação, a mesma rádio que meu velho escutava. Posso dizer que a tradição passou de avô para o neto sem intermediário. O time para qual eu torço mudou, mas fazer o quê? Nem tudo ele conseguiu passar para mim.

 

O fone é assim. A gente sabe onde comprar, sabe onde tem mais barato, nos traz lembranças… Queria que ele fosse mais valorizado, coitado. Às vezes somos muito rudes com ele, só por não está funcionando, mas ele exerce um papel muito importante na nossa vida. O papel de nos contar histórias ao “pé do ouvido”.

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