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 Steve e Max, a dupla improvável/ Ana Luiza Araújo

Oi. Tem alguém aí? Não consigo enxergar, o que será que está acontecendo? Só consigo ouvir ruídos, onde eu estou? Peraí... Senti uma coisa, tem alguém me tocando...Que conversa estranha, acho que estão falando sobre mim, espero que seja.

- Meu Deus, mãe! É o Max! Vamos levar, por favor!

- Não sei, filha... Ele vai durar pouco, você conhece a peça rara que tem em casa.

- Mas ele gosta do Max. Esse é maior, e tão lindo!

Será que foi ela que me tocou? Estou conseguindo ver, meus olhos se abriram quando ela me escolheu no meio dos outros. Qual vai ser minha missão nessa vida? Eu vou ser dela, ela vai me dar para outra pessoa, vou ficar apenas guardado, ou ela vai brincar comigo? Quem será essa peça rara que elas falaram? É uma criança? Não sei quem é, mas estou ansioso para conhecer!

É tão lindo aqui fora, não posso acreditar que esse dia finalmente chegou! Vou ter um lar, amável e quentinho. Espero que meus amigos também consigam.

Reconheço esse som... São latidos! Elas têm um cachorro! Não vou ser o único, vou ter um irmãozinho ou uma irmãzinha! Estou tão empolgado, mas não quero demostrar muito, vai que elas ficam incomodadas.

Ela está me olhando, consigo sentir seu cheiro, e sua risada é linda! Ela quer me apresentar para alguém.

- Steve, vem cá! Quero te mostrar uma coisa.

Quem será o Steve? É nome humano. Será meu novo dono ou meu irmãozinho?

- Steve, este é o Max! Você pode brincar com ele, mas não fique mordendo. Tem que cuidar direito.

- Auauauau.

Meu Deus, é um cachorro! Chegou meu fim. Vou ser estraçalhado no primeiro dia na casa nova.

- Olha, Max, o Steve é um amorzinho quando quer. Ele vai brincar sempre com você e vai te levar para todo lado da casa. Vai te morder um pouco, já te peço desculpas por isso. Ele te ama, mesmo que você tenha chegado agora.

Os dias foram passando, e eu era levado para todo canto da sala. Steve sempre me levava para brincar com uma senhorinha muito atenciosa, que sempre me segurava com carinho.

Gosto da vovó, ela sempre dizia que o Steve é lindinho, apesar das unhas que aranhavam as suas pernas.

 

Eu sempre a via dando biscoitos escondidos para o Steve e não contava nada, não sou de dedurar as pessoas.

Não posso deixar de contar essa história, foi hilária. Nesse dia, eu me diverti feito um louco. Estávamos no quarto da Aninha – esse é o nome da humana que me trouxe. Eu, o Steve e ela ficamos brincando no chão por horas. Mesmo que ela ficasse me jogando longe, eu me divertia. Steve sempre fingia que ia me entregar a ela, mas saía correndo. Ela me abraçava e me escondia para o Steve procurar.

 

Eu estava tão perto e ele não me achava. Cachorro é um bicho tão lerdo!

Ele me achava e me jogava pra cima e pra baixo, como se falasse "eu achei o Max, ele é meu amigo".

 

Nesse dia, me deixou dormir na cama dele, para descansar e recompor as energias, porque todos os dias são agitados.

Sempre esqueço que sou apenas um ursinho de pelúcia. Pareço sem vida, porém, tenho infinitas histórias ao lado do meu amigo Steve. 

 

Sou feliz, apesar de estar desfigurado – esse cão morde tudo mesmo! Mas não desejaria ser de mais ninguém.

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