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O INGRESSO DA MINHA VIDA/ Marianne Ribeiro

Poderia ter sido apenas mais uma quarta feira comum, mas foi então que tudo mudou e passou a ser tão especial e, até mesmo um pedaço de papel passou a ter um significado tão grande e especial.

Eu deveria agradecer por aquele incidente, pelo coração de papai quase não aguentar, e por coincidência do destino unir de uma vez por todas um pai e uma filha por um amor em comum, um time de futebol o Atlético.

Para mim, papai era um grande exemplo de torcedor fanático, como eu queria me tornar ao crescer. Me recordo como se fosse ontem, naquele hospital a promessa que havia me feito e que nos uniria ainda mais.

De certa forma seria loucura, mas seria a nossa loucura. Quem diria que um time poderia servir para unir ainda mais um pai e uma filha, aliás que pai pensaria que sua filha iria pegar gosto por futebol? “Pezão’’ queria aproveitar essa chance.

Ao sair do hospital fomos para fila, pegar aquele pedacinho de papel que nos renderia tantas histórias e emoção. Conseguimos! Agora é apenas aguardar a tal quarta feira – vale a ressalta que ainda não é a quarta feira do Goulart – e aproveitarmos nossa chance.

Passou a terça e enfim quarta! Ao acordar um sentimento de ansiedade tomava conta de mim, e claro do meu pai que não deixava transparecer. A noite foi se aproximando e meu coração batia cada vez mais rápido.

Pegamos nossas coisas e fomos para o Mineirão, que parecia nunca chegar. Olhava para papai e em seu rosto via a alegria de levar sua filha em um final, mas havia também o nervosismo e a apreensão pelo resultado positivo.

Bola rolando! A emoção tomou conta de mim, com os olhos marejados não sabia se olhava pro campo e via o Galo de Ronalndinho e Tardelli dando um show ou para papai, que concentrado olhava pro campo.  Tudo certo, Galo campeão – ao melhor jeito, sofrido –.

Tenho que agradecer tanta coisa pro Atlético, pois posso dizer que é a melhor forma de união que tenho com meu pai. AH! Não poderia esquecer aquele papelzinho, que após ser usado é jogado fora, mas no meu caso é a representação de um laço tão grande e forte entre pai e filha.

Hoje, eu vejo o quanto aquele papelzinho laranja com escrita em branco – hoje já desbotado – representa para mim. Eu guardo o ingresso do dia 23 de Julho de 2014, como uma parte da minha história.

Quando me lembro desse dia, pego o ingresso do jogo os meus olhos chegam a encher d’agua. Para muitos é apenas uma lembrança de mais um jogo em que o pai leva a filha. Entretanto, ao meu ver é a forma de lembrar que meu pai nunca esteve tão vivo.

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