top of page

TRUCO, VALE CRÔNICA / Leônidas Vieira

Lembro o dia em que vi tios e primos jogando pela primeira vez. Confesso que fiquei curioso, que jogo era aquele? Pessoas estavam gritando, provocando as outras, dando gargalhadas.

Nas férias do ano de 2007, pedi ao meu primo: - Me ensina a jogar, quero aprender todas as regras. Ele disse: - Claro que eu te ensino. Não foi fácil, mesmo sabendo o valor das cartas, faltava ainda entender os macetes, para ganhar dos adversários.

Os anos foram se passando e cada vez mais fui gostando desse jogo fascinante, lembro como se fosse ontem, de quando gritei revigorante: - Trucooooo. Foi uma sensação tão boa, que não parei mais.

No truco nem todas as cartas do baralho são utilizadas, nenhum oito, nove e dez, por exemplo, isso o diferencia de outros jogos e interfere diretamente no decorrer das partidas.

O truco é um jogo bacana, dá para jogar com familiares, amigos e em vários lugares. Quantos aniversários, encontros de família, eu passei o tempo todo jogando? Inúmeros, até com meu pai. Aliás, tem um dizer famoso: numa mesa de truco, não se respeita ninguém, claro que tem um pouco de exagero, mas não deixa de ser verdade.

Na faculdade, também joguei muito, seja com a turma de jornalismo, curso que faço, ou com pessoas de medicina veterinária e engenharia, fiz novas amizades. Ficava observando, tanta gente jogando em várias mesas, inclusive motoristas de vans.

Um dos dias mais marcantes da minha vida foi quando joguei com minha amiga na faculdade, ganhamos uma partida em um minuto, foi tão rápido, logo se ouvia os gritos: - seis, nove, doze, vale queda. Até hoje, lembramos desse dia e rimos, aliás, essa parceria rendeu belas e diversas vitórias, talvez se compare com os triunfos conquistados por mim e meu primo.

Quando lembro do meu pai jogando, logo dou risadas, inúmeras vezes o vi pedir truco sem ter nada, simplesmente por estar levemente alterado, vale ressaltar que ele é um grande jogador, tem experiência, anos e anos jogando.

O truco, às vezes, deixa as pessoas estressadas, e comigo não é diferente.  Isso acontece porque, ao mesmo tempo que são muitas vitórias, as derrotas são em maior quantidade, o segredo é ficar “puto” na hora e depois esquecer, pois, como dizem no ditado: “vida que segue”.

No truco a diversão é garantida, várias histórias só acontecem com quem joga, pais, filhos, tios, amigos e até pessoas que não se conhecem, acabam interagindo. Chega a ser espantoso, como algo se perpetua por vários anos, de gerações antigas para as novas. Por isso dizendo, joguem muito, até porque, truco, vale crônica.  

bottom of page