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QUERIDO ABUELO / Juan Manuel Mendez

Querido avô,

Todos os dias que a vó Ana faz milanesa de frango com ovo frito e batata, é inevitável que a sua imagem venha a minha cabeça. Toda segunda e quarta-feira, você estava na porta da escola, esperando por mim e pelo meu irmão Nico, levava-nos até sua casa, e almoçávamos juntos. Como você conseguia comer duas daquelas milanesas grandonas? Até hoje eu não entendo.

Depois íamos até a “lan house” da esquina da sua casa e, enquanto Nico e eu brincávamos com o computador, você tentava entender como era possível ler o jornal naquele monitor, o qual não era mais do que um quadrado com um teclado e um mouse. Sempre tão curioso, querendo se manter informado e atualizado o tempo inteiro.

Mas não era só se manter atualizado, sempre se preocupou muito com a aparência também. A recordação de você se penteando a cada 15 minutos é uma das muitas que jamais irei tirar da minha cabeça. Essa preocupação por deixar uma bonita impressão é uma coisa que levo comigo até hoje em dia.

Se bem que não era só o cabelo, você também estava atento às roupas que usava, a que o relógio estivesse acorde ao momento e situação, os sapatos estivessem limpos. Além de usar um colar com a imagem de algum santo te protegendo.

Falando nisso, lembra-se daquela corrente de ouro que tanto gostava e usava nas ocasiões mais especiais? Ela está comigo, ganhei da avó Ana. Mas não a uso todos os dias, só nas ocasiões mais especiais para mim: dias de jogo ou aniversários mais importantes, como o da avó ou o da Tia Mónica, entre outros.

Ah! Emprestei para o meu pai também. Aliás, usando aquele cordão tão valioso, ganhou três mundiais de clubes de vôlei. Acredita isso? Parece que o Sagrado Coração de Jesus não só nos protege, também traz boa sorte.

 

Todos os dias lembramos da sua picardia, malandragem, esperteza. Sempre esteve um passo à frente em todos os assuntos. Não sei se era bom ou ruim isso, mas com meu pai e Nico tentamos te imitar. Já até batizamos qualquer ato que nos lembre da sua sabedoria ou rebeldia como “la gran Mendez”.

Mendez, aquele sobrenome que portamos não só nos documentos, assim como no sangue. E a verdade é que não sei do real significado do nosso cognome, mas sim aprendi que para ser um Mendez (como você) precisa de teimosia, valentia e amor à família. Gostaria de algum dia ser tão magnífico quanto você.

Avô Rodolfo, você está sempre presente na minha cabeça e estou seguindo firmemente seus ensinamentos ao pé da letra: sempre lutar pelo que gostamos e queremos.

Um abraço daqui até o céu.

 

Com carinho,

 

Juan

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