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 O ápice da disfuncionalidade / Guilherme Egydio

O dia-a-dia é marcado pela presença de incontáveis objetos que marcam nossas vidas de diferentes maneiras. Alguns nos trazem alegria, sorte e felicidade. Já tive vários assim, como o Super Nintendo - videogame pelo qual chorei de felicidade e que guardo com maior carinho.

Mas com o objeto em questão eu nunca me dei bem. Na verdade, é uma onda de azar inexplicável quando estou ou não com ele. Sua função é nos proteger das intempéries, seja da chuva ou do sol quente, mas comigo nunca é assim.

Pode ser uma sombrinha da mãe, aquele grande que parece uma lança ou aquele simplesinho. O meu é desse, não chama atenção, é simples e foi comprado na rua por cinco reais. Sim. CINCO reais e já tenho ele há três anos. Impressionante, né?

Mas seu tempo de durabilidade é autoexplicativo, já que fica maior parte do tempo guardado, só utilizado quando é necessário ou quando lembro que ele existe.

Quando há uma garoa fina, lembro de usar. Quando chove forte, sempre deixo ele em casa. Pareço provocar esses acontecimentos. Talvez eu seja muito lerdo, mas a verdade é que não gosto de usá-lo. Então, já é esperado que tipo de resultado acontece comigo: corpo encharcado, roupas molhadas, materiais escolares prejudicados, o tênis vira uma lagoa, além de resfriado.

Mas o ápice da disfuncionalidade aconteceu esse ano. O objeto não apresentava defeito, nem sinal de rasgamento. Me dirigi até a residência da minha namorada, debaixo de um enorme temporal.

 

 

Por milagre, eu estava com ele. Fiquei feliz por trazer o bendito guarda-chuva: eu estaria seco e não teria problemas. O jogo tinha virado, seria uma nova fase com o infeliz. Seria!

O guarda-chuva não suportou a quantidade de água. Os pingos começaram a entrar pelo seu topo, e a pessoa que estava seca, ficaria, em instantes, tão encharcada, mas tão encharcada, que nem parecia o estar usando.

Me senti um cachorro molhado, e, na linguagem popular, bem “pistola” com o bendito guarda-chuva. Prometi comprar outro, um maior, mas ainda não tomei essa coragem. Por apenas cinco reais e ainda inteiro, preferi evitar a fadiga e poupar mais dinheiro.

Dias se passaram e uma chuva parecida aconteceu. Novamente estava com ele, já tinha aprendido a lição de não esquecê-lo. Por sorte, ele aguentou a quantidade de água, até estranhei. Já imaginava o pior. Mas, dado meu histórico de azar, não duvido que, na próxima tempestade, um certo alguém trairá minha confiança e deixará de me proteger.

Quando eu menos esperar, a chuva virá e restará saber se o guarda-chuva gosta de mim ou não. Um banho de chuva até pode ser divertido, mas que não seja em toda tempestade, só aguardo o bendito não me sacanear novamente

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