top of page

MUITO OUVE QUEM MUITO SE FALA / Geisiane Martins

Quem nunca precisou estar só mesmo acompanhado? Ou de silêncio em meio a um turbilhão de sons? Ou mesmo ouvir um áudio do Whatsapp em público (o que é que a tecnologia não faz?)? Escutar música sem atrapalhar quem está do lado? Passar o tempo em salas de espera ou em longas viagens? E  melhor, estudar e se concentrar numa biblioteca mas não consegue porque está quieto demais? Aprender algo online que o youtube vai te ensinar?

Mas afinal, quem nunca precisou de um fone de ouvido pra isso?

Sempre a espera de uso, pronto para te ajudar ele permanece ao seu lado, e se não está, provavelmente a culpa é sua por deixá-lo em algum lugar. Sozinho enquanto inútil, e aclamado quando usado. Esse é seu dilema diário, não importa com quem. E você nunca parou pra pensar que sem ele muitas coisas seriam impossíveis. Tem gente que acha até que a vida sem ele é impossível e que daria pra morrer por ele.

Só que quem sempre morre por nós é ele. Ás vezes repentinamente, e dói. Ás vezes lentamente, um “right” que para de funcionar, ou um “left”, e você sofre, já presumindo o pior. E piora. Ambos param, e você até tenta fazer com que voltem, como uma ressuscitação, mesmo sabendo, bem lá no fundo, que não vai adiantar. Em seguida vem o velório, o deixar pra lá, desapegar o nome neh?

E aí recomeça toda a luta para achar um novo amigo, um novo companheiro, um parceiro para horas boas e ruins, que te compreenda quando quiser ouvir uma música romântica, que te ajude quando o problema for decepção, e melhor ainda, pra te acompanhar nas piores horas, as de estudo.

Tem dele pra todo mundo, de todo jeito. Pros mais tecnológicos, amantes de jogos, tem dele com microfone. Para os mais simples, tem ele pequeno, grande, ajustável (daqueles que você troca a borrachinha de acordo com a preferência, sabe?). De toda cor, ou de várias. Tem fluorescente, branco, preto, transparente ou colorido, não importa, todos eles têm o mesmo objetivo: deixar você feliz.

 

Tanto que até têm um dispositivo implantado que ninguém sabe. Ele é feito só pra salvar seu celular de tombos e evitar quedas. E mesmo assim você o ignora, você nem se importa com os sentimentos dele. Substitui o vazio que ele deixa, se esquece dos demais que passaram por ali e foram parte fundamental da sua vida.

Mas o que eu queria mesmo, mesmo, mesmo era agradecer. Por ser tudo isso, por possibilitar tantas coisas, permitir minha falta de interação social, meu silencio barulhento, minha concentração assim como a perda dela, a ocupação do meu tempo, e a introdução de tantos sons maravilhosos em meu cotidiano. Mas acima de tudo, por me ensinar, por me permitir aprender, de tudo, sem preconceitos.

Obrigado por me mostrar o lado bom da vida!

bottom of page